sexta-feira, 27 de julho de 2007

Escrevi para um alguém que espero saber que é para si quando ler...

Noite calma...Frio por fora de minha casa procura onde entrar,
Talvez em meu coração ele queira entrar,
Pois assim talvez minha dor acalme,
E assim, sem que eu reclame, seja a flecha que colocara fim,
Fim a que?Fim a dor, fim a amargura, fim ao ressentimento, fim ao sentimento.

Ai de um coração que ama, ai de um coração que se sente solitário,
Ai de um solitário,que vida é essa,então,a dor que me consome o peito,o nome que não me sai da cabeça,o sofrimento que isso me causa,isso é a vida?se for,nela não quero mais viver.

Te amo,mas isso do que me importa se não és recíproco,
Se te digo doces palavras, com as mesmas duras me rebate,
Porque fazes isso se é por você que meu coração mais forte bate,
A sombra da solidão me encobre, em você pensei ver o sol,
Mas uma nuvem encobre teu brilho sem que percebas,
Pobre de você que não percebes a tua sina, em breve encoberta por essa nuvem.

Não guardo a ressentimentos passados e presentes, mas lembro-me com magoa,
O que podia ter feito, mas hoje já sem a esperança que me encorajava,
Entrego meus pontos, declaro a batalha por fim, reconheço a derrota,
Mas sempre me lembrarei que pra sempre te amarei...




Johann Martins.

terça-feira, 24 de julho de 2007

MACHADO DE ASSIS In:"O Espelho"

"Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para entro... Espantem-se à vontade, podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica. Se me replicarem, acabo o charuto e vou dormir. A alma exterior pode ser um espírito, um fluido, um homem, muitos homens, um objeto, uma operação. Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa; — e assim também a polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de botas, uma cavatina, um tambor, etc. Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida, como a primeira; as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma laranja. Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência; e casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira. Shylock, por exemplo. A alma exterior aquele judeu eram os seus ducados; perdê-los equivalia a morrer. "Nunca mais verei o meu ouro, diz ele a Tubal; é um punhal que me enterras no coração." Vejam bem esta frase; a perda dos ducados, alma exterior, era a morte para ele. Agora, é preciso saber que a alma exterior não é sempre a mesma..."